sábado, 20 de abril 2024
Mário Filho (direita) ao lado do irmão Nelson Rodrigues: ícones do jornalismo brasileiro — Foto: Arquivo pessoal

Trocar o nome do Maracanã é um desrespeito à família Rodrigues e ignorar a história

Postado em 10 de março de 2021, por Cléber Soares.

Vergonha!!! Assim podemos classificar a absurda atitude da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro em querer trocar o nome do estádio do Maracanã, que hoje é Mario Filho, por Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé. Um ato que ignora anos e anos de história e é um total desrespeito a memória de Mario Filho e sua família.

Deixemos bem claro aqui que não é nada contra em querer homenagear Pelé, que sem duvida nenhuma é merecedor de quantas homenagem fizerem, pois se trata do maior nome que o futebol mundial já teve, com números e conquistas que dificilmente serão alcançados nos dias de hoje, sem contar é claro da qualidade técnica que beirava a genialidade.

Porém, não podemos em nome de quem quer que seja desmerecer a história de um em benefício de outro. Trocar o nome do Maracanã é uma afronta a história do futebol no Brasil e a própria construção do estádio. O jornalista Mario Filho foi sem sobras de duvidas o maior incentivador da construção, e participou de todas as partes e processos até chegar o dia da tão sonhada inauguração do Maracanã, e mais tarde, após seu falecimento devido a um infarte, teve seu nome gravado nas pedras do Maracanã dando-lhe assim o nome oficial.

Mario Filho foi o primeiro jornalista no Brasil a criar um jornal exclusivo para esportes, sendo por excelência o maior incentivador do futebol brasileiro que este país já teve, popularizando-o em todas as classes sociais, sendo de sua autoria o batismo do clássico entre Flamengo e Fluminense, o popular “Fla-Flu”. Além disso também foi o criador de diversas competições, dentre elas o Rio-São Paulo, que muitos anos foi a principal competição no pais, e também escreveu inúmeras obras sobre o futebol, com destaque para “O negro no futebol brasileiro”, em 1947, e “Viagem em torno de Pelé”, em 1964.

Além do desrespeito a Mario Filho, esse ato absurdo também é um desrespeito à família Rodrigues, que ainda tem em Nelson Rodrigues, irmão de Mario Filho, talvez o maior cronista que a mídia esportiva brasileira já produziu, sendo seguido por gerações após gerações de jornalistas. Talvez nunca mais existirá outro jornalista com a capacidade de leitura poética que Nelson Rodrigues retratava os jogos, imortalizando-os em frases espetaculares de tal impacto que até nos dias atuais são citadas pela mídia esportiva.

Tomara que esse ato de total desrespeito e desconhecimento da história do futebol brasileiro não seja sancionado pelo governador do Rio de Janeiro, já que isso é a última coisa que precisa para se trocar o nome do Maracanã. E que os digníssimos deputados estaduais do Rio de Janeiro se dediquem mais com coisas realmente sérias que aquele estado precisa, já que enfrenta forte crise econômica e é um dos mais assolados pela pandemia do Covid-19.

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